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sábado, 21 de maio de 2011

No FMI mulheres ficam vulneráveis ao assédio sexual

No FMI, mulheres ficam vulneráveis ao assédio sexual 

Instituição permitia relação "íntima entre supervisores e subordinados", em contraste com a regra americana

Investigação interna chegou à conclusão de que escândalos éticos públicos deixavam de ocorrer "por sorte"


DO "NEW YORK TIMES"

O lugar é uma ilha internacional na capital dos EUA, dominado por economistas homens. Os horários de trabalho são longos, e os funcionários cumprem "missões" no exterior durante as quais convivem por semanas. É um clima em que romances acontecem com frequência.
Uma revisão interna feita em 2008 concluiu que "a ausência de escândalos éticos públicos parece ser mais decorrência de sorte que de bom planejamento e ação".
Assim é a vida no Fundo Monetário Internacional (FMI), a instituição de crédito de último recurso para governos necessitados de dinheiro. Com a prisão de seu diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn e seu indiciamento pela acusação de tentativa de estupro de uma camareira em Nova York, a cultura da instituição passou a ser alvo de escrutínio.
E voltaram à tona as perguntas sobre um episódio de 2008 em que o FMI decidiu que Strauss-Kahn não tinha infringido regras pelo fato de ter dormido com uma funcionária da organização.
Entrevistas e documentos traçam um retrato do fundo como uma instituição cujas normas e costumes sexuais deixam as funcionárias mulheres vulneráveis a assédio.
As leis dos EUA não se aplicam em seu recinto. Até o início deste mês, as regras próprias do FMI incluíam a assertiva que "relacionamentos pessoais íntimos entre supervisores e subordinados não constituem assédio, por si sós".
"É um pouco como "Piratas do Caribe'; as regras funcionam mais como diretrizes", disse a economista Carmen M. Reinhart, vice-diretora de pesquisas do FMI entre 2001 e 2003.

CÓDIGO DE CONDUTA
Um novo código de conduta adotado a partir do dia 6 diz que relacionamentos íntimos com subordinados "têm a probabilidade de resultar em conflitos de interesse" e devem ser revelados às autoridades apropriadas.
A nova política sobre relacionamentos é uma resposta ao caso de 2008 em que a economista húngara Piroska M. Nagy teve um relacionamento com Strauss-Kahn. Em carta aos investigadores, Nagy descreveu-se como "condenada se eu o fizesse e condenada se não o fizesse".
Uma investigação independente concluiu que Strauss-Kahn não tinha abusado de seu poder.



Tradução de CLARA ALLAIN